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Workshop
Programa
Workshop Madeira Energética
29 de maio de 2007
Sede BNDES - sub-solo/ Rio de Janeiro

Principais Questões Envolvidas na Organização e no Aperfeiçoamento do
Uso Energético da Madeira

O objetivo do evento é discutir o uso energético da madeira, visando ações que aumentem a competitividade de sua cadeia produtiva e, por outro lado, ampliem sua utilização para fins energéticos.

Em 2004 esta fonte forneceu 15% da energia primária do Brasil, participação semelhante à da cana-de-açúcar e da hidráulica. Um terço da madeira tem uso não comercial em residências e no campo. Os dois terços restantes, equivalentes a 10% de toda a energia usada no país, são destinados para fins industriais, uma característica muito particular do país, pois no resto do mundo o uso industrial energético da madeira, foi trocado pelo das energias fósseis a partir do Século XIX.

O uso desta fonte primária de energia tem sido associado ao subdesenvolvimento, relacionando-se a formas energéticas não comerciais e emprego de tecnologias primitivas, ou à falta de outras fontes de energia. Isso explica, em grande parte, a falta de uma política para esta fonte de energia, apesar da sua enorme importância. Vale notar que na estatística do Balanço Energético Nacional - BEN esta fonte é denominada "lenha" apesar de uma parte importante da madeira energética ser proveniente de florestas plantadas e substituir combustíveis fósseis.

Esta visão reflete a a experiência das economias desenvolvidas, localizadas em regiões temperadas, onde é muito elevado o custo para fixar a energia solar na biomassa e onde foram buscadas soluções voltadas para o uso de combustíveis fósseis. Com raras exceções - setor de papel & celulose e uso de resíduos urbanos - as tecnologias para uso energético da biomassa ficaram estagnadas se comparadas às tecnologias de uso dos combustíveis fósseis.

O Brasil, por ter insolação e, portanto, produtividade florestal muito elevada e que ainda pode aumentar, reúne as condições necessárias para dar um novo impulso ao uso desta fonte renovável, com expectativa de custos decrescentes. Tecnologias mais eficientes do que as atualmente empregadas devem apresentar rapidamente resultados num campo em que ficaram por muitos anos estagnadas.

Embora não haja quantificação precisa do uso de lenha nativa, sabe-se que se agravou a partir dos anos 90, quando os preços do aço e do coque se elevaram, e a expansão da área de florestas energéticas plantadas foi muito aquém do aumento da demanda de CV, que é destinado, principalmente, à indústrias siderúrgicas.

A dependência de lenha nativa, no entanto, não é sustentável, seja pelas pressões ambientais seja pela redução progressiva das matas passíveis de exploração. Parte significativa da lenha atualmente extraída exige transportes a distâncias que, em alguns casos, superam 1500 km. Dado que sua substituição por fontes fósseis - coque, óleo combustível ou GN - geralmente causará aumento de custos de produção, devidos às adaptações necessárias e aos preços desses combustíveis, a sobrevivência econômica desses usuários da lenha e do CV está no aumento da oferta de biomassa e da produtividade na sua cadeia de produção que permitam o uso da lenha plantada de forma sustentável.

A produção de álcool seria um paradigma. Antes do PROALCOOL, muitas usinas queimavam lenha nativa nas caldeiras por falta de tecnologia para usar o bagaço. A política do álcool levou as usinas a aumentarem sua eficiência. Um dos fatores foi passarem a suprir suas necessidades de energia, utilizando o bagaço. Além disso o setor começa a se tornar um supridor de energia elétrica, graças à instalação de caldeiras de alta pressão com estímulo do BNDES e a avanços da legislação elétrica.

O Brasil precisa montar uma agenda positiva que organize e aperfeiçoe as cadeias de uso energético da lenha, indo da produção da lenha e substitutos tais como resíduos agro-industriais e gramíneas, até o produto final mediante seu uso energético otimizado, que garanta a sustentabilidade desta fonte. Muito embora não caiba ao BNDES ditar uma política energética para a lenha, pode desempenhar um papel importante, incentivando a iniciativa privada a buscar soluções que permitam atingir este objetivo.

Para dar início à discussão desse tema, o BNDES, com o apoio do INEE, organizou uma jornada de trabalho. Em vista do grande número de assuntos envolvidos, optou-se por selecionar alguns que cobrem aspectos de curto e longo prazo ao longo da cadeia energética da lenha, abrangem as principais questões e mostram os desafios que se colocam para que o país venha a dar um salto em termos da racioanalidade energética e ambiental dessa importante fonte, potencialmente renovável.

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